Haddad defende curso de jornalismo de dois anos para graduados em outras áreas

fonte: O Globo
Demétrio Weber

BRASÍLIA - O ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que profissionais com diploma de nível superior em outras áreas possam fazer o curso de jornalismo em dois anos, o equivalente à metade da duração atual. Nos próximos dias, ele nomeará uma comissão de especialistas para rever as diretrizes curriculares nacionais que orientam o currículo das faculdades de jornalismo.

Haddad falou nesta quarta-feira sobre o assunto ao dar posse à nova secretária de Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci. Ele afirmou que o jornalismo é uma das quatro áreas que estão na mira do Ministério da Educação por terem "conexão direta com a questão democrática". As outras são medicina, direito e pedagogia.

No caso das faculdades de jornalismo, porém, o MEC não pretende cortar novas vagas em cursos de baixa qualidade, como vêm fazendo no direito, na medicina e na pedagogia. O ministro enfatizou que a intenção de mexer nas diretrizes curriculares independe da discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Ele disse que a preocupação é com a qualidade da formação profissional:

- Em países onde não há obrigatoriedade de diplomas, há boas escolas de jornalismo.
A legislação brasileira exige que os jornalistas sejam formados na área, mas uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, acabou com a exigência. O julgamento de mérito, em plenário, deverá ocorrer ainda este ano.

O presidente da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, é favorável à iniciativa do MEC, mas com uma condição: a recíproca deve ser verdadeira. Ou seja, jornalistas que queiram graduar-se em economia ou ciência política, por exemplo, também seriam beneficiados pelo aproveitamento de disciplinas e a menor duração do curso:

- Se a regra for só para jornalismo, a proposta terá a nossa oposição. Seremos radicalmente contra. O jornalismo não é profissão inferior. Por que eu não poderia fazer economia, história da mesma forma?

A nova secretária Maria Paula informou que a decisão de alterar as diretrizes curriculares cabe ao Conselho Nacional de Educação e ao MEC.

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