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Com fim do diploma, curso promete formar jornalista em 45 horas

publicado no site Comunique-se

Sérgio Matsura, do Rio de Janeiro

“Diploma não é necessário. Para trabalhar como Jornalista, faça um curso rápido”. É dessa maneira que a empresa Cursos 24 Horas anuncia treinamento para pessoas interessadas em trabalhar com jornalismo na Internet. Com custo de R$ 40 e duração de 45 horas, o curso promete formar “um Cyber Repórter de sucesso”.

“A queda da obrigatoriedade do diploma continua incentivando o surgimento de maus profissionais. Depois dos concursos sem exigência do diploma, agora há um site na internet oferecendo um curso completo de jornalismo online em apenas 45 horas, ou seja, menos de dois dias corridos. Um verdadeiro curso caça-níqueis”, manifestou o Sindicato dos Jornalistas do Ceará em seu site.

O supervisor de atendimento da empresa, Luiz Henrique Campos, defende o curso, afirmando que os alunos formados “têm todas as condições para trabalhar com jornalismo online”.
Campos explica que a duração de 45 horas é apenas uma estimativa, que varia de acordo com o interesse do aluno. Diz ainda que existe um professor disponível para tirar todas as dúvidas e ressalta a facilidade do curso totalmente online, que pode ser feito em qualquer horário, de qualquer lugar.

Sobre a qualidade, afirma que o curso existe desde 2003 e existem ex-alunos trabalhando na área. "Principalmente agora que não precisa mais do diploma”.

Carta dos estudantes organizados por meio do CAJOR*

*Vou ler uma carta escrita e aprovada por estudantes de jornalismo que, depois da notícia da não obrigatoriedade, se incomodaram e sentiram a necessidade de se organizar e pensar as possibilidades de futuro diante das nossas novas condições.

(texto utilizado no debate sobre a questão do diploma de jornalismo)

Com o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, muitos estudantes ficaram desanimados e com bastante receio em relação ao futuro da profissão.

Alguns chegaram a mudar ou até desistir do curso. E o motivo principal tem sido a possibilidade de uma situação ainda pior no mercado de trabalho. Abre-se o caminho para que, talvez, daqui a um tempo, cursos técnicos - como de redação – sejam mais procurados do que o curso superior de jornalismo, o que servirá apenas para incentivar e aumentar a mão-de-obra barata e especializada. Seria, inclusive, o fim definitivo de qualquer conteúdo crítico que a universidade ainda possibilita, conteúdo que é tão importante na formação de um bom jornalista.

Além do mercado de trabalho, há outro ponto fundamental sentido no nosso dia-a-dia, que é a qualidade do curso. Porque a queda do diploma é apenas mais um dos problemas que o estudante de jornalismo enfrenta.

Aqui, na Metodista, diariamente estudantes assistem às aulas em salas lotadas. À noite, alguns chegam a acompanhar sentados no chão ou divididos em três ou quatro pessoas por computador. Na hora de ir gravar, faltam equipamentos e preparo para a utilização, pois não temos uma aula de como manusear uma câmera ou um tripé, por exemplo. Falta até um simples gravador pra fazer uma entrevista. Como aprender, praticar e obter uma boa formação sob essas condições?

Ao invés de investir em infraestrutura física e logística – como melhor utilização e construção de novas salas de aula e prédios -, a universidade inova implementando o ensino a distância dentro dos cursos, até então presenciais. Dessa forma, o aluno não sentirá falta de uma cadeira, de uma sala de aula, prédio e, até mesmo, da própria universidade. Agora, ele acompanha a “aula” através do computador de sua casa, quando acompanha.

E a gente se pergunta: não estaria a Metodista criando um problema ainda maior nos cursos?

Neste ano, vimos mais uma tentativa de aumentar o ensino à distância no jornalismo. Surgiram as disciplinas virtuais, junto ao novo sistema de módulos. O ensino a distância, que antes era quinzenal, passou a ser semanal.

Porém, graças à mobilização dos estudantes no primeiro semestre, com a construção de um grande debate sobre o assunto e um protesto reivindicando o fim das aulas virtuais, a universidade reconheceu a insatisfação e, neste semestre, os estudantes de jornalismo voltaram a ter aulas apenas semipresenciais.

Os estudantes organizados por meio do Centro Acadêmico puderam defender o curso e impedir o avanço do ensino à distância.

Vocês devem se perguntar: por que falar do ensino a distância num debate sobre o diploma? Bom, fazemos questão de ressaltar a luta contra o ensino à distância porque ela está totalmente atrelada à luta em defesa do diploma. Afinal, qual é a validade de um diploma quando o curso que ele representa é precário?

De um lado, vemos a grande mídia interessada em acabar com a obrigatoriedade do diploma para poder rebaixar os salários livremente. Por outro lado, vemos universidades defendendo o diploma simplesmente com a preocupação de que os alunos não larguem a graduação.

A Metodista se propõe a organizar um debate sobre a queda do diploma, mas não realiza discussões sobre a qualidade do curso. Quando organizamos o debate sobre as aulas virtuais no primeiro semestre, não tivemos nenhum apoio da faculdade. Muito pelo contrário. Não pudemos divulgar através do setor de comunicação. Os cartazes que divulgavam o debate eram constantemente arrancados das paredes. As aulas não foram liberadas. Soubemos que professores, por mais que apoiassem a iniciativa, foram orientados a não liberar os alunos e muito menos participar do debate.

Então quando lutamos contra as aulas virtuais, estamos defendendo o curso. Nós sim estamos defendendo a qualidade do diploma.
Agora, que certamente não vamos contar mais com o uso desse diploma para conseguir uma vaga de emprego, temos mais do que nunca que pensar e criticar a qualidade da nossa formação.

Não podemos mais aceitar os problemas que impedem uma boa formação. Chega de salas de aula lotadas, falta de equipamentos técnicos e maus professores!

A realização deste debate é positiva, pois somente por meio do debate crítico, da proposição de ações e da organização dos estudantes, poderemos defender nosso curso e lutar por um futuro digno.

O primeiro semestre mostrou que isso é possível. É isso o que precisamos fazer.

A atual gestão do Centro Acadêmico convida os estudantes de jornalismo para a construção da quinta edição do jornal FALAÇÃO, que é aberto à participação de todos.

A reunião será nessa quinta-feira em dois horários: às 11h da manhã e às 9h da noite na sala do C.A.

Debate sobre o diploma

Em 15 de setembro (terça-feira), teremos um debate sobre a questão da nova lei que derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Está sendo organizado pela própria faculdade, mas com nosso apoio e inclusive nossa participação na mesa, como representante dos estudantes. Serão dois debates: um de manhã e outro à noite.

Na mesa da manhã, estarão presentes: presidente do sindicato dos jornalistas, editora-chefe do SBT (a confirmar) e estudante, com mediação do prof. Júlio.
À noite: presidente do sindicato, a jornalista Ana Stella (diretora de trainee da FSP), estudante e talvez um deputado de Pernambuco. Mediação da profª Margarete.

O Centro Acadêmico já fez uma reunião ontem (quinta-feira 10/09) com outros cerca de 20 alunos, sendo a maioria representantes de sala, para discutir como o estudante deve se posicionar no debate. Definimos alguns tópicos que terão como foco a defesa pelo curso em si, que é representado pelo diploma.

Ainda vamos fechar um texto que será lido no debate por esses dois estudantes. O texto será aprovado na próxima segunda-feira (14/09) em reuniões ABERTAS a todos os alunos de jornalismo, de manhã (às 11h) e à noite (às 21h), na sala do C.A. (Delta-125).

A ideia é que todos os alunos decidam juntos o que será colocado no debate, e não só CAJOR (C.A. de Jornalismo) e representantes.

Participem!

Reunião entre estudantes e a coordenação do curso

Na próxima terça-feira, haverá 2 reuniões para organizar um debate no curso sobre o fim da exigência do diploma de jornalismo. Os horários são: 11h e 19h. Estão sendo convocados para a reunião os representante de sala e o CAJOR. A indicação é de que o debate ocorra no dia 15 deste mês.

Hoje, na reunião do CAJOR, discutiremos mais sobre o assunto. Participe!

Fim da exigência do diploma faz Facamp fechar curso de jornalismo

A Facamp (Faculdades de Campinas) decidiu acabar com o curso de jornalismo. A instituição não abriu novas vagas para a carreira no vestibular 2010.

As turmas atuais serão mantidas até a diplomação. Há cerca de 75 alunos de jornalismo na Facamp -quem entrou no início deste ano se formará em 2012.

A faculdade atribuiu a extinção do curso à decisão do Supremo Tribunal Federal de acabar com a obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo. A sentença do STF é de junho.

Em comunicado aos alunos, a instituição sinalizou que criará um curso de pós-graduação em jornalismo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/fovest/fo0109200906.htm