Cobaias da integração

por Catharia Guadalupe e Carlos Ferreira

Integrar os conteúdos transmitidos em sala, realizar uma redação multidisciplinar nos bancos acadêmicos e unir o que as matérias reparam, por sua natureza segmentada. Esses são os principais intuitos do novo sistema de módulos implantado no curso de jornalismo da Universidade Metodista. Uma boa idéia, porém, é algo que não tem se concretizado.
Essa deficiência no sistema de modulação se deve a diversos fatores. O principal deles é a falta de planejamento e organização da coordenação do curso, com relação à estrutura do corpo docente e de sua forma de trabalho e comunicação. Partindo do pressuposto que para se ter um conteúdo integrado deve-se ter um corpo docente na mesma situação, a instituição deixa uma lacuna no início do processo.
Para a realização dos planos de ensino dos módulos, foram convocadas reuniões, onde os professores colocaram suas idéias e estruturaram a nova grade curricular do curso. Mas a manutenção desse processo de implantação de um novo sistema de ensino não foi pensada pela universidade.
Algo que se mostra necessário à integração dos professores, e consequentemente ao conteúdo ministrado em sala, são as discussões entres os docentes sobre a reação dos alunos a cada atividade aplicada.
A professora Marli dos Santos, que ministra as aulas de gêneros jornalísticos, reportagem especial e orienta projetos de TCC na universidade, confirma essa necessidade de comunicação “Quando vi o projeto pela primeira vez fiquei entusiasmada, mas para ele funcionar é necessária uma dedicação maior e também mais tempo, pois existe mais trabalho. Ter que adequar três temáticas distintas e articular os conteúdos com suas peculiaridades em dias diferentes da semana é um desafio”, conta.
Essas reuniões não foram organizadas pela coordenação e para isso existe uma possível explicação. Todos os professores da universidade são horistas, ou seja, recebem por hora-aula ministradas, e não são pagos pelas reuniões extras. Isso significa que deixar um horário reservado para reuniões pedagógicas, como ocorre nas instituições de ensino fundamental, significaria um prejuízo a Universidade, pois o professor recebe sem estar em aula.
As dificuldades encontradas pelos professores na adaptação do processo são percebidas pelos alunos do curso. Para Lilian Sanches, aluna de jornalismo da turma 'Manhã 2' , a integração ainda é algo que pode vir a ser alcançado.
“Todas as apresentações e explicações que foram feitas demonstraram que as temáticas dentro do módulo deveriam interagir de uma forma estruturada e coesa. Mas os professores ainda não estão conseguindo ministrar as ‘temáticas’ de acordo com a estrutura proposta. O que eu vejo, no máximo, são professores dando os mesmos conteúdos em um mesmo espaço de tempo”, diz Lílian.
Estruturar um novo currículo com intenção de melhorar o ensino superior é algo a ser levado em conta, mas os alunos não devem ser tratados como cobaias por conta da falta de organização da universidade. Se a instituição se propôs a integrar os conteúdos deve cumpri-lo, independentemente do que isso acarrete em termos financeiros e administrativos.

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