Carta dos estudantes organizados por meio do CAJOR*

*Vou ler uma carta escrita e aprovada por estudantes de jornalismo que, depois da notícia da não obrigatoriedade, se incomodaram e sentiram a necessidade de se organizar e pensar as possibilidades de futuro diante das nossas novas condições.

(texto utilizado no debate sobre a questão do diploma de jornalismo)

Com o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, muitos estudantes ficaram desanimados e com bastante receio em relação ao futuro da profissão.

Alguns chegaram a mudar ou até desistir do curso. E o motivo principal tem sido a possibilidade de uma situação ainda pior no mercado de trabalho. Abre-se o caminho para que, talvez, daqui a um tempo, cursos técnicos - como de redação – sejam mais procurados do que o curso superior de jornalismo, o que servirá apenas para incentivar e aumentar a mão-de-obra barata e especializada. Seria, inclusive, o fim definitivo de qualquer conteúdo crítico que a universidade ainda possibilita, conteúdo que é tão importante na formação de um bom jornalista.

Além do mercado de trabalho, há outro ponto fundamental sentido no nosso dia-a-dia, que é a qualidade do curso. Porque a queda do diploma é apenas mais um dos problemas que o estudante de jornalismo enfrenta.

Aqui, na Metodista, diariamente estudantes assistem às aulas em salas lotadas. À noite, alguns chegam a acompanhar sentados no chão ou divididos em três ou quatro pessoas por computador. Na hora de ir gravar, faltam equipamentos e preparo para a utilização, pois não temos uma aula de como manusear uma câmera ou um tripé, por exemplo. Falta até um simples gravador pra fazer uma entrevista. Como aprender, praticar e obter uma boa formação sob essas condições?

Ao invés de investir em infraestrutura física e logística – como melhor utilização e construção de novas salas de aula e prédios -, a universidade inova implementando o ensino a distância dentro dos cursos, até então presenciais. Dessa forma, o aluno não sentirá falta de uma cadeira, de uma sala de aula, prédio e, até mesmo, da própria universidade. Agora, ele acompanha a “aula” através do computador de sua casa, quando acompanha.

E a gente se pergunta: não estaria a Metodista criando um problema ainda maior nos cursos?

Neste ano, vimos mais uma tentativa de aumentar o ensino à distância no jornalismo. Surgiram as disciplinas virtuais, junto ao novo sistema de módulos. O ensino a distância, que antes era quinzenal, passou a ser semanal.

Porém, graças à mobilização dos estudantes no primeiro semestre, com a construção de um grande debate sobre o assunto e um protesto reivindicando o fim das aulas virtuais, a universidade reconheceu a insatisfação e, neste semestre, os estudantes de jornalismo voltaram a ter aulas apenas semipresenciais.

Os estudantes organizados por meio do Centro Acadêmico puderam defender o curso e impedir o avanço do ensino à distância.

Vocês devem se perguntar: por que falar do ensino a distância num debate sobre o diploma? Bom, fazemos questão de ressaltar a luta contra o ensino à distância porque ela está totalmente atrelada à luta em defesa do diploma. Afinal, qual é a validade de um diploma quando o curso que ele representa é precário?

De um lado, vemos a grande mídia interessada em acabar com a obrigatoriedade do diploma para poder rebaixar os salários livremente. Por outro lado, vemos universidades defendendo o diploma simplesmente com a preocupação de que os alunos não larguem a graduação.

A Metodista se propõe a organizar um debate sobre a queda do diploma, mas não realiza discussões sobre a qualidade do curso. Quando organizamos o debate sobre as aulas virtuais no primeiro semestre, não tivemos nenhum apoio da faculdade. Muito pelo contrário. Não pudemos divulgar através do setor de comunicação. Os cartazes que divulgavam o debate eram constantemente arrancados das paredes. As aulas não foram liberadas. Soubemos que professores, por mais que apoiassem a iniciativa, foram orientados a não liberar os alunos e muito menos participar do debate.

Então quando lutamos contra as aulas virtuais, estamos defendendo o curso. Nós sim estamos defendendo a qualidade do diploma.
Agora, que certamente não vamos contar mais com o uso desse diploma para conseguir uma vaga de emprego, temos mais do que nunca que pensar e criticar a qualidade da nossa formação.

Não podemos mais aceitar os problemas que impedem uma boa formação. Chega de salas de aula lotadas, falta de equipamentos técnicos e maus professores!

A realização deste debate é positiva, pois somente por meio do debate crítico, da proposição de ações e da organização dos estudantes, poderemos defender nosso curso e lutar por um futuro digno.

O primeiro semestre mostrou que isso é possível. É isso o que precisamos fazer.

A atual gestão do Centro Acadêmico convida os estudantes de jornalismo para a construção da quinta edição do jornal FALAÇÃO, que é aberto à participação de todos.

A reunião será nessa quinta-feira em dois horários: às 11h da manhã e às 9h da noite na sala do C.A.

5 comentários:

Alessandra disse...

Vocês podem fazer uma denúncia quanto a qualidade do Curso à Representação do MEC em São Paulo. O MEC pode enviar uma comissão para averiguar a instituição com base na denúncia, diferente a avaliação comum, que é agendada, a instituição é pega de surpresa e não tem tempo para disfarçar as mazelas.

Brunna S. disse...

Isso talvez possa ajudar na questão dos equipamentos, mas em relação ao ensino à distância, por exemplo, de nada adiantaria, pois o próprio MEC autoriza a precarização do ensino, permitindo que o curso tenha uma porcentagem de aulas virtuais no currículo - 20% se não me engano.
De qualquer forma, acho que vale pra se pensar sim e talvez organizar algo para isso. Valeu!

Felipe Castro disse...

Com todo respeito, a carta foi muito fraca, cheia de clichezinhos e lugares-comuns e, bom, pelo visto foi obra de 2 ou 3 pessoas mais exaltadas, que se utilizaram de um apelo muito pobre e um pedantismo sem-igual numa palestra de alto nível, da qual ela destoou totalmente. Por um lado bem negativo, aliás. A repercussão foi péssima. Perguntei a minha namorada, que é do Cajor: "É isso? É isso que vocês pensam? Ou melhor, é isso que vcs dizem pensar por nós?" Da próxima façam um balanceamento um pouco mais honesto do que as outras pessoas do PRÓPRIO Cajor pensam. E olha que eu nem sou do CA pra se sentir assim, tão mal representado. Abç, Felipe

Brunna S. disse...

Oi Felipe,
fizemos umas 3 reuniões abertas pra discutir e pensar nesse texto. A sua namorada, por exemplo, acho q participou de pelo menos uma delas e, se não participou das outras, não foi por falta de aviso ou por nós termos bloqueado a presença dela. Todos estavam convidados a participar. Além de ter divulgado esses encontros pro nosso mailing, fizemos questão de pedir aos representantes que encaminhassem o email para o restante da sala pra q todos pudessem participar e criticar esse texto antes de ele ser falado. O q colocamos foi muito bem discutido não só por 2 ou 3 pessoas, mas por mais de 20 (entre manhã e noite) que estavam INTERESSADOS em fazer algo. Em nenhum momento impusemos esse texto, as pessoas q estavam organizadas com a gnt também deram sugestões, justamente por ter sido fruto de outras discussões que já vem acontecendo há algum tempo. Vc pode ter ouvido críticas a respeito e ter as suas tbm, mas, da mesma forma, eu ouvi elogios de vários alunos q não participaram dessa produção e mais ainda dos q participaram. Não acho q a carta tenha sido fraca, acho q apontou problemas no curso q a maioria sente e mostrou q antes de lutar por um diploma, é preciso lutar pelo que esse diploma representa, principalmente depois da nova lei.
Mesmo assim, acho q poderia ser melhor sim e mais "representativa" se mais pessoas participassem, mas não podemos puxar as pessoas pelo braço e obrigá-las a isso. Vc, por exemplo. Posso fazer isso com vc da próxima vez para vc poder ser mais bem representado?
Obrigada pelo comentário. Se quiser, acho q pode ser mais objetivo dando ideias do q deveria ser dito nessa carta.
Aproveito ainda pra te convidar a participar da reunião da próxima quinta-feira, que é pra discutir sobre o próximo FALAÇÃO. Pensamos em fazer um texto sobre o debate e acho q seria bom se vc participasse disso tbm, de verdade. O jornal é um meio de a gnt se comunicar com os outros alunos. Se vc acredita q isso nao está sendo feito da melhor maneira, sua ajuda é muito válida, pois vc está de fora, às vezes enxerga melhor os erros.

• YuЯi KiddO • disse...

bom, a brunna já disse.

acho que por isso o ensino à distância dá tão certo, porque as pessoas podem se utilizar de um computador e evitar o contato pessoal! o pior é achar que tá fazendo a diferença com a bunda na cadeira! boa champs!